Letreiro de pizzaria em BH vira polêmica após ação da Prefeitura
O letreiro luminoso da pizzaria Forno da Saudade, localizada no bairro Carlos Prates, região Noroeste de Belo Horizonte, virou assunto nas redes sociais nos últimos dias. A fachada com estilo retrô e chamativo, inspirada em clássicos da cidade como os letreiros dos antigos hotéis Madrid e Concord, virou alvo de uma fiscalização da Prefeitura de BH após denúncias, gerando debates sobre a ocupação dos espaços públicos, valorização cultural e burocracias na legislação urbana.
Tudo começou com a publicação de um vídeo pelo ex-vereador Gabriel Azevedo, na sexta-feira (28), informando que a pizzaria teria sido multada em mais de R$ 4 mil e obrigada a remover o letreiro. A repercussão foi imediata. No entanto, a Prefeitura de BH (PBH) negou a aplicação de qualquer multa, informando que se tratou apenas de uma ação fiscalizatória após uma denúncia de um morador.
Faixa e embargos
De acordo com Rafael Quick, proprietário da pizzaria e integrante do Grupo Viela (responsável também por projetos como o Juramento 202 e Mercado Novo), a quantia mencionada se refere, na verdade, a uma faixa afixada na fachada para informar o fechamento temporário da casa, e não ao letreiro em si. O fechamento aconteceu em meio a uma disputa com um vizinho e à paralisação de uma obra no segundo andar do estabelecimento, que foi embargada pela Prefeitura.
“Recebemos uma intimação para retirar engenhos de publicidade, incluindo a placa de neon do Forno da Saudade. A notificação, no entanto, dizia respeito à faixa e não ao letreiro grande”, explicou Quick.
Conflito com vizinho e múltiplas denúncias
Segundo o empresário, o restaurante sofre com denúncias recorrentes feitas por um vizinho, que estaria tentando inviabilizar o funcionamento do local. “Já são mais de 40 denúncias por diferentes motivos: mesas na praça, na calçada, letreiros, som, publicidade. Algumas já estavam regularizadas, outras estamos tentando regularizar há meses”, relata.
A principal pendência, segundo Quick, diz respeito à licença para engenhos publicitários. Apesar de ter protocolado a solicitação há cerca de seis meses, a resposta da PBH foi negativa. “A legislação atual é engessada. Por um lado, protege, mas por outro, sufoca a criatividade e o empreendedorismo. Queremos trazer vida à praça, valorizar o bairro e conseguir sobreviver financeiramente também”, comenta.
Revitalização e apoio popular

O letreiro polêmico faz parte de uma proposta maior do Grupo Viela, que busca revitalizar áreas urbanas deterioradas por meio da gastronomia e da cultura. No caso do Forno da Saudade, o imóvel foi reformado, o muro que separava a praça foi removido e o espaço passou a integrar a área pública. “Nosso objetivo sempre foi promover segurança e pertencimento, ocupando o espaço com beleza, arte e movimento. A praça Zigue-Zague era esquecida, hoje tem vida”, afirma Quick.
O projeto recebeu apoio de diversas secretarias, como a de Cultura e Desenvolvimento Econômico. No entanto, o empresário reclama da falta de diálogo e integração entre os órgãos da Prefeitura. “Enquanto uma secretaria elogia o trabalho, outra embarga e aplica sanções. Isso dificulta muito qualquer avanço”, afirma.
A posição da Prefeitura
Em nota enviada à imprensa, a Prefeitura de Belo Horizonte afirmou que, durante a fiscalização, não foi aplicada multa. A ação teria se limitado à orientação de retirada de faixas, por se tratar de um imóvel de interesse e preservação cultural.
A PBH também confirmou que o local recebeu 29 denúncias registradas, relacionadas a questões como poluição sonora, uso irregular de mesas e publicidade fora dos padrões. Vistorias também foram solicitadas por órgãos como o Ministério Público, Câmara Municipal e Polícia Civil.
Apesar das polêmicas, o Forno da Saudade segue em funcionamento, com o apoio de uma legião de clientes e moradores da região, que defendem a importância da casa para a cena gastronômica e cultural da cidade.